quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Do coração: Desapego


Sempre fui uma pessoa muito apegada. Não tanto em relação à pessoas, mas sim coisas, objetos materiais. Revistas de atividades infantis, adesivos, esmaltes, maquiagens... Tinha muito e utilizava pouco. Não emprestava para ninguém, não usava e só acumulava poeira. 

Um dia desses, andando pela livraria, um livro me chamou a atenção: A Mágica da Arrumação. Não, esse texto não é sobre organização. Mas o texto do verso desse livro falava sobre perguntar a si mesmo se determinado objeto trazia alegria, a resposta diria se você realmente precisava daquilo. Foi como uma luz que se acendeu na minha cabeça: eu já utilizava esse método há algum tempo.

Há uns quatro anos, organizando as tais revistas de atividades infantis, com o detalhe de que eu não era mais criança, percebi o óbvio: aquilo não tinha mais utilidade para mim, não me deixava feliz, só estava acumulando espaço e eu estava privando uma criança (ou várias) de utilizá-las. Não vou dizer que foi fácil desapegar, é uma sensação que não sei explicar de posse e talvez uma falsa necessidade. Você sabe que nunca vai precisar e mesmo assim quer ter, é um tanto louco. Mas desapeguei e dei para uma criança que utilizou todas elas. No fim, percebi que era o certo e isso me fez bem. Logo depois foram as maquiagens, depois os esmaltes e, por fim, os adesivos. A cada novo desapego era uma sensação de alívio e leveza.

Posso dizer que com essa atitude aprendi a ser uma pessoa mais controlada. Hoje tenho apenas as maquiagens e esmaltes que realmente uso, nada de acumulação. Todos eles cabem em pequenas caixas. Dos mais de cem esmaltes que eu possuía sobraram apenas quinze, que eu tenho certeza que são os meus preferidos, as cores que eu mais amo e que vou usar até o fim. Não é preciso de muito para ser feliz.

Pode ser que essa mudança tenha a ver com a idade, não sei. Conforme fui ficando mais velha adquiri uma consciência maior sobre a importância dos objetos materiais na minha vida. Percebi que ela é muito pequena comparada às coisas que realmente importam: família, amigos e se sentir bem consigo mesma. Além disso, tanta gente precisando de alimento, água e um lar, e eu me preocupava com adesivos. Ainda bem que mudamos.

A única coisa que não desapeguei foram os livros. Confesso que tenho muitos, mas todos eles tem um significado especial no meu coração e me fazem feliz. No entanto, continuo trabalhando o desapego com eles. Não me importo tanto de emprestá-los como antes, contanto que me devolvam, claro. O que realmente importa é o que eles me fizeram sentir e o que podem fazer outras pessoas sentirem também.

Enfim, desejo que em 2016 eu continue nessa onda de desapego e que a cada ano a minha vida fique mais e mais leve.

Beijos e até mais!

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